El firmware debe ser considerado hardware y no software

[Felipe Sanches]

Para esclarecer a questão:

Por firmware entendo software executado num processador contido no
dispositivo de hardware. Este software pode estar gravado em uma
memória ROM ou pode estar numa memória atualizavel (permitindo que o
PC envie um novo código a ser executado no processador do
dispositivo).

Existem dispositivos que não contém um processador. Nestes, toda
lógica é implementada por meio de hardware de fato. Ou seja, por meio
de máquinas de estado implementadas usando eletrônica digital. Estes
dispositivos não possuem firmware.

Considero que dispositivos que possuem firmware (carregável ou não)
são análogos a um computador. E o uso destes dispositivos é análogo ao
uso de 2 computadores conectados em rede: a rede seria estabelecida
por meio do protocolo de comunicação (SPI, I²c, etc) usado pelo driver
(executado no kernel - no processador da placa-mãe) para enviar
comandos para o firmware (executado no processador do dispositivo).

Nesta analogia, tolerar o uso de firmware não-livre é equivalente a
tolerar o uso de um desktop com software livre junto a um servidor com
software não-livre.

Se o firmware não é carregável, então o que você tem é algo análogo a
um computador com Windows gravado em uma memória ROM. O problema não
some quando o software não é atualizável. O problema apenas fica mais
"escondido".

Concordo que existe a necessidade de compreender o hardware para ser
capaz de desenvolver/aprimorar um firmware. Dizer que a falta de
especificações do hardware justifica tolerar o uso de firmware
não-livre não me parece um argumento convincente. Software livre é
justamente a busca por maior controle e melhor compreensão das nossas
plataformas computacionais. A existencia de uma plataforma
desenvolvida sem prover recursos para nossa compreensão não é
justificativa para considerar que não há problemas ético de
concentração de poder, de redução das possibilidades inovativas, de
redução da autonomia dos usuários.