Putz... Escrevi um [[http://br-linux.org/linux/no-brasil-xo-e-o-laptop-de-us-420#comment-77309|comentário no BR-[GNU/]Linux]] que ficou completamente fora de contexto, eu claramente estava pensando em alguma outra notícia quando escrevi o comentário acima, a respeito do Classmate.
Então, deixa eu contextualizar:
O X0 foi projetado, desde o início, para ser uma máquina revolucionária em vários níveis. Uma das revoluções é justamente projetar um computador sem se preocupar se vai dar pra rodar Windows nele; pelo contrário, o projeto está todo focado na habilidade de rodar Software Livre suficiente para propósitos educacionais e de comunicação. Não faz nem sentido pensar em educação com software proprietário, que artificialmente limita o que você pode querer aprender.
Demonstração dessa prioridade é o quanto a Microsoft vem se batendo
pra conseguir fazer um port de um sistema já antigo funcionar no X0.
Tem um pouquinho mais de detalhe sobre isso no meu blog:
http://fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/2007-11-03-viagens-de-outubro
Já o Classmate claramente foi projetado não só em reação ao X0, mas como manutenção do status-quo. Não só a máquina foi projetada nos moldes de notebooks tradicionais, que rodavam Windows, mas também ser capaz de rodar Windows era um requisito de projeto. Quer evidência maior disso que alguém da Intel me oferecer um desses notebooks, "pra eu verificar que ele roda Software Livre direitinho", mas, me conhecendo, avisar-me de que eu "não ia gostar do que vem instalado nele"?
Agora, considerando as táticas de batalha em múltiplas frentes que a Microsoft tem empregado no estabelecimento do OOXML, só pra citar um dos muitos exemplos conhecidos, não é difícil imaginar que a Microsoft tenha percebido o tamanho da ameaça a longo prazo constituída pela mera possibilidade de o X0 dar certo. Então, ela começa a trabalhar em várias frentes: primeiro, pressionar os projetistas do X0 para modificar o projeto de forma a viabilizar a execução de MS-Windows. Segundo, mobilizar outros fabricantes para rapidamente colocar no mercado produtos "similares", para impedir o avanço do X0.
Uma parceria das gigantes Intel e Microsoft nesse sentido é praticamente óbvia, considerando que o X0 vem com processador da AMD, concorrente ferrenha da Intel, e com GNU/Linux, concorrente ferrenho da Microsoft. Depois, com o notebook pronto pra rodar Windows, não custava muito mais adaptar um GNU/Linux qualquer pra rodar nele pra poder entrar numa licitação que exigisse Software Livre, e ainda abre espaço pra futuras denúncias de pirataria, por instalação de cópias não autorizadas de MS-Windows, talvez até em máquinas roubadas dos estudantes que deveriam ser beneficiados pelo projeto.
Provas, só tenho de que a Microsoft usou táticas deploráveis em outras batalhas, e de que ela pressionou barbaridade o pessoal do OLPC pra dar um jeito de empurrar a opção Windows ali, e governos que adotaram os novos concorrentes do OLPC a usar seu sistema operacional em vez de Software Livre. Nada conclusivo para comprovar a ação direta da Microsoft junto aos outros fabricantes, por certo, mas elementos suficientes para eu apostar que há, sim, envolvimento da Microsoft na coisa toda. Ela não é boba e não dorme no ponto.
Até blogo...