[FSFLA] Proposta de plano de ação

Esteban Ordóñez quiliro en riseup.net
Lun Sep 25 22:28:45 UTC 2023


El 2023-09-24 19:39, Bio escribió:
> Saudações aos ativistas do software livre.
> 
> Venho por meio desta comunicação me apresentar à FSFLA e compartilhar um plano de ação que envolve o software livre para apreciação do grupo.
> 
> Na infância e juventude fiquei interessado pelas tecnologias da informação e ainda no ensino médio, na primeira metade dos anos 2000, passei a usar o GNU/Linux no meu computador pessoal. Mantive o sistema operacional e um pequeno nível de estudo enquanto cursava Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. Durante a formação me interessei pela teoria marxista e me engajei no trabalho de base social participando do núcleo de mediação comunitária do Aglomerado de favelas da Serra coordenado pelo Programa de Pesquisa e Extensão Pólos de Cidadania. Nesse período, realizei atividades com militantes políticos e organizações sociais vinculados aos trabalhadores. Ao final, licenciado, passei a atuar como professor de Sociologia de educação básica da rede pública de ensino do Estado. Boa parte da minha vida estive dedicado ao desenvolvimento social dos trabalhadores.
> 
> Observando a "Primavera Árabe" ocorrida no Oriente Médio e Norte da África, as "Jornadas de Junho" e o golpe de Estado ocorridos no Brasil em 2013 e 2016, respectivamente, bem como os vazamentos realizados por Edward Snowden, ex-agente da NSA, me interessei pela questão da interferência proprietária das tecnologias da informação e comunicação (TIC's) nesses processos, seja de maneira direta ou através de agências de segurança dos países centrais do capitalismo, com o objetivo de recompor a extração de valor em países periféricos.
> 
> A minha hipótese central é que a expansão das TIC's proprietárias nos países periféricos possibilitaram a extração de valor de informações privilegiadas do conjunto da população e de indivíduos específicos, estratégicos para coordenação da estrutura social, bem como a formação de redes para o fortalecimento de facções políticas e sociais que defendem a flexibilização econômica e a abertura de mercado, promovendo a redução do orçamento estatal em políticas sociais e a flexibilização das relações de trabalho. A remuneração por produtividade, sem direitos trabalhistas, a terceirização de parte dos meios de produção e o desemprego estrutural ampliam a extração de valor e colocam em risco a sobrevivência dos trabalhadores.
> 
> A partir de 2018, autonomamente, comecei a estudar as TIC's com mais profundidade para entendê-las na prática. Lendo manuais e fazendo laboratórios, aprendi a implementar um conjunto de tecnologias disponíveis à classe trabalhadora e concluí ser factível a hipótese de extração da valor da informação no âmbito do controle político e ideológico.
> 
> A relação entre o desenvolvimento das TIC's e o conflito de classes ficou evidente, o controle proprietário das TIC's e a extração de valor da informação como estratégia de exploração.
> 
> Existe um problema real, objetivo: as TIC's proprietárias. Sua aplicação de massa, no trabalhador comum, nos militantes de base e dirigentes de movimentos sociais e partidários de trabalhadores, todos, em boa medida, alimentam esse sistema de informação de controle proprietário armazenando seus contatos, mensagens, contratos, cursos de formação, agenda de atividades, rotas e etc.
> 
> Se o problema é o controle proprietário, a solução passa por substituir as TIC's proprietárias por outras livres desse controle. O software livre oferece as melhores condições de emancipação tecnológica para a classe trabalhadora. As liberdades do usuário defendidas pelo movimento de software livre podem minimizar gradualmente a estrutura de controle, parte da estrutura de exploração.
> 
> Em síntese, a ideia é conjugar marxismo com software livre, posicionando o SL como ferramenta de emancipação da classe trabalhadora no desenvolvimento do conflito de classes.
> 
> Inicialmente, sugerimos como marco teórico marxista:
> 
> - Teoria da exploração:
>   - mais-valia
>   - classes sociais
>   - conflito de classes
>   - fetiche da mercadoria (consumismo)
> - Imperialismo
> - Teoria da dependência
> - Ideologia
>   - hegemonia
>   - contra-hegemonia
> - Indústria cultural
>   - cultural de massa
>   - meios de comunicação de massa
> - Organização de classe
>   - Partidos
>   - Movimentos sociais
> 
> e, como marco teórico de TIC's livres:
> - FSF
>   - licenças
>   - descentralização
>     - federado (SaaS) e distribuído
> - Movimento de software livre
> 
> Precisamos de mais indicações de referenciais teóricos do software livre para avançar com a reflexão.
> 
> Da teoria à prática social, pretendo construir uma organização política (BRIGADA DIGITAL) de trabalhadores com formação em tecnologia e/ou marxismo cujo objetivo seja implementar TIC's livres para a classe trabalhadora. Será uma organização com registro jurídico de associação sem fins lucrativos.
> 
> A ideia é comprar dispositivos usados, fazer a adaptação necessária e implementar as TIC's livres para trabalhadores, militantes e suas organizações, oferecendo alternativas livres. Ademais, capacitar os militantes para usar tais tecnologias e até mesmo fazer a implementação e difundir a experiência da Brigada Digital.
> 
> Inicialmente, a Brigada terá condição de implementar Gnuboot, Trisquel GNU/Linux-Libre, LibreCMC GNU/Linux-Libre e Replicant. Então, faremos a aquisição dos dispositivos usados que são suportados, bem como a adaptação e manutenção e, por fim, a implementação desses sistemas. Também faremos a implementação de serviços auto-hospedados para a Brigada Digital e para outras organizações. Além disso, com o intuito de formentar a autonomia e o empoderamento de outras organizações, propomos a implementação auto-hospedada, até mesmo no sentido de formar novas Brigadas Digitais. A estrutura de serviços será descentralizada distribuída e federada, dando preferência para as tecnologias distribuídas. A saber: e-mail, webblog, mensageria, agenda e calendário, conferência, office e vídeo.
> 
> Contudo, encontramos alguns limites desse conjunto quanto se trata da implementação de serviços, visto que Gnuboot é suportado apenas em dualcore com máximo de 8GB de ram. A ideia é oferecer uma linha provisória, aliança tática, com o open source. Provisória porque compreendemos o limite da tecnologia open source para nosso objetivo. A linha terá Libreboot (sem atualização do microcódigo) em HP 8200 elite SFF, pois suporta processadores octacore e 32GB de ram, para oferecer serviços.
> 
> Pensando também que algumas atividades demandam maior processamento, então ofereceremos notebooks e torres quadcore/octacore com Libreboot (sem atualização do microcódigo) para estação de trabalho.
> 
> Também encontramos limites graves na capacidade de processamento dos smartphones que suportam Replicant, quadcore de 1.4GHz e 1GB de ram. Sendo assim, também implementaremos Lineage, mas com uma advertência grave para a segurança por usar extensivamente blobs proprietários. Acreditamos que para atividades poucos sensíveis não seja tão arriscado sua utilização.
> 
> Em resumo, a Brigada Digital tem condições de começar suas atividades implementando:
> 
> - Sistemas livres:
>   - Bios
>     - Gnuboot
>   - Sistema Operacional
>     - Trisquel GNU/Linux-Libre
>     - LibreCMC GNU/Linux-Libre
>     - Replicant
> - Sistemas Open Source:
>   - Bios
>     - Libreboot
>   - Sistema Operacional
>     - Lineage
> - Dispositivos:
>   - Notebooks (x86_64)
>     - Gnuboot e Trisquel GNU/Linux-Libre
>   - Notebooks e Torres (x86_64)
>     - Libreboot e Trisquel GNU/Linux-Libre
>   - Roteadores
>     - LibreCMC GNU/Linux-Libre
>   - Smartphones
>     - Replicant
>     - Lineage
> - Serviços:
>   - Descentralizados
>     - Distribuídos
>       - Scuttlebut
>       - Jami
>       - Tox
>       - DHT
>     - Federados
>       - Webblog (wordpress)
>       - E-mail (postfix/dovecot)
>       - Rede Social de microblog (Mastodon)
>       - Agenda e Calendário (Radicale)
>       - Jabber/Xmpp (ejabberd/prosody/coturn)
>       - Conferência (Jitsi/Mumble)
>       - Office (cryptpad/Gobby)
>       - Vídeo (peertube/mediagoblin)
> 
> Como não temos recursos para emancipar todo o conjunto da classe, a estratégia é selecionar os elementos e organizações com maior capacidade de avançar com a mudança. Compreendo que o primeiro apoio seria para militantes e organizações da classe, especialmente marxistas, para empoderá-los, pois são mais rigorosos no enfrentamento capitalista.
> 
> A Brigada manterá um webblog com elaboração de artigos para capacitação da classe trabalhadora com canais de suporte, bem como hospedagem de serviços para organizações e militantes que não tenham condições de promover auto-hospedagem. A saber: arquivos, e-mail, xmpp, vídeos, calendário, contato e notas e rede social.
> 
> Por fim, propomos realizar oficinas em organizações de trabalhadores e instituições públicas, especialmente em escolas, para promover o software livre, bem como ajustar a instituição ao uso exclusivo de TIC's livres, modificando, por exemplo, seu regimento, plano político e infraestrutura física (laboratórios e etc).
> 
> O financiamento da Brigada Digital será por meio de doações de apoiadores, comercialização das ferramentas, implementação e suporte de serviços, capacitações, e, por fim, financiamento público de projetos via editais de desenvolvimento da economia solidária, educação e cultura.
> 
> Concluindo, essa é a ideia para o desenvolvimento das condições de emancipação da classe trabalhadora diante da exploração proprietária. Estou aberto a sugestões e críticas.
> 
> _______________________________________________
> Discusion mailing list
> Discusion en fsfla.org
> http://www.fsfla.org/cgi-bin/mailman/listinfo/discusion

Hola Bio.  Lamento no haber visto tu correo antes.

¡Qué bonito proyecto!  Me encanta la idea de que organices un taller
para enseñar a las personas lo que es practicar la libertad en el
software.  Las personas solamente podemos contrarrestar el poder del
capital si nos organizamos y cooperamos entre nosotras.  La práctica es
lo único que enseña a ser libres.  Esto considero que es muy valioso.

El camino a la libertad no es sencillo.  Además, debe ser paulatino.  La
forma de hacerlo es no aumentar la cantidad de software privativo;
disminuir algo cada día y nunca retroceder.  Paso a paso, logramos la
independencia.  Creo que es mejor hacer poco con libertad que mucho sin
ella.  Pienso que enseñarlo es aún más importante.  Sería mucho más
provechoso enseñar libertad que enseñar funcionalidad con sometimiento.

Opensource significa lo mismo que software libre.  Se inventó ese
término para distraer a las personas sobre el valor de la libertad.  Les
hace pensar que es aceptable aceptar un poco de software privativo,
porque la mayoría es opensource.  Eso no es aceptable porque un solo
software privativo te quita la libertad.  Pienso que se debe mostrar que
el usar software privativo es perjudicial para el/la usuari en .  Hacerlo
es complicado cuando nosotros mismos usamos software privativo. 
Entiendo que no es posible hacer todo con software libre pero la
libertad no requiere sacrificar la vida, solamente un poco de
funcionalidad.  ¡Vale la pena el esfuerzo!

Federación no es lo mismo que SaaS.  La federación es buena; es la
independencia para comunicarse en el mismo nivel.  SaaS es malo; es el
software que tú usas en la máquina de otra persona ... 0% de libertad.

Considerando mi experiencia para sostener iniciativas de apoyo social en
software libre, puedo sugerir que se requiere lo mismo que una
iniciativa comercial:  buscar una necesidad que la gente valore y que
pague con algo que sea valioso para sostener el taller y dar un buen
servicio (el mejor posible).  Si no se sostiene el proyecto, no es útil.
 Por eso es importante pensar mucho en eso.

Te felicito por esta iniciativa tuya.  Cuenta conmigo para cualquier
sugerencia que te pueda ayudar.

Saludos libres!

Esteban Ordóñez (Quiliro)


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