Matéria publicada hoje, no caderno Info d'O Globo. Pois é, parece que o site não funciona com Software Livre
Agradeço ao André Machado, que foi gentil o suficiente para me mandar uma cópia em texto, permitindo sua publicação integral.
Lá vai:
SEM FRONTEIRAS PARA A LIBERDADE
Fundação Software Livre dá dicas para quem não quer nenhum software fechado no PC
André Machado
Uma das grandes questões no mundo do free software e do movimento open-source é: quão livre é o seu GNU/Linux? Sim, porque nos últimos anos a popularização do sistema do gnu e do pingüim trouxe a reboque a adoção de pequenos programas proprietários junto com os pacotes de programas abertos. Para a turma open-source, mais interessada no lado tecnológico da coisa, o fato de haver um ou outro software fechado no conjunto pode não pesar tanto. Mas, para o pessoal do software livre, isso pode ser considerado um sacrilégio.
Semana passada a seccional latino-americana da Fundação Software Livre (a FSFLA) enviou um informe à comunidade sobre o problema. "Dada a crescente quantidade e qualidade de softwares livres disponíveis, têm surgido alguns sistemas que chamamos de híbridos. Estes sistemas incorporam software proprietário e software livre", diz o alerta. "Por exemplo, algumas distribuições GNU/Linux publicam software proprietário em um sistema majoritariamente composto por software livre. Muitas vezes não advertem claramente os usuários sobre esta situação. Esta prática esconde alguns perigos ao fazer com que os usuários pensem que estão vivendo em liberdade, quando na realidade não estão. E é muito provável que eles somente saibam disso quando necessitarem dessas liberdades. Então, poderá ser tarde demais."
Pingüim e gnu totalmente livres, leves e soltos
E quais seriam as distribuições GNU/Linux realmente livres de qualquer software proprietário? Segundo o conselheiro da FSFLA Alexandre Oliva, há três distribuições principais com essas características: gNewSense, BLAG e Ututo.
--- Para quem tem mais familiaridade com os pacotes Debian (a distribuição GNU/Linux na qual o Ubuntu se baseia), o gNewSense provavelmente seria a melhor opção --- diz Alexandre.
Essa distribuição guarda muitas semelhanças com o Ubuntu e traz seu próprio Builder, isto é, o próprio usuário de Linux pode construir sua versão - naturalmente, tem de ser um usuário mais experimentado para fazê-lo. Os pré-requisitos de hardware para instalação estão listados no site da própria Fundação Software Livre.
--- Já para quem tem mais familiaridade com pacotes RPM (isto é, da Red Hat) em particular com a distribuição Fedora, a BLAG provavelmente seria a melhor opção --- pondera Alexandre Oliva.
Uma sigla dentro de uma sigla, cheia de programas
Entre as características dessa distribuição --- BLAG é uma sigla dentro de uma sigla, que quer dizer BLAG Linux And GNU, bem ao gosto da comunidade free --- estão o processador de texto Abiword, a planilha eletrônica Gnumeric (do ambiente gráfico Gnome), o programa de email Mozilla Thunderbird, um programinha para criação de cartões pessoais e etiquetas chamado GLabels, um software de conversão de medidas (o Gonvert) e o editor de imagens Gimp, além do Gphoto, para acessar câmeras digitais, e do browser Firefox. O player multimídia é o MPlayer.
Por fim, Alexandre recomenda a Ututo, de origem argentina, para quem quer valorizar o software livre latino-americano --- ou simplesmente buscar uma distribuição que seja menos um reempacotamento de outras e mais um esforço original.
--- Embora seja um projeto argentino, sei que há gente do Brasil envolvida no desenvolvimento e tradução, então das três a Ututo pode muito bem ser a mais adequada para alguém que faça questão de software e ajuda em português do Brasil --- explica Alexandre. --- E se por acaso ainda houver mais trabalho a fazer, sempre há espaço para colaboração numa distribuição original. Coisa que fica mais complicada de encaixar numa distribuição que tenha mais perfil de reempacotamento, como as outras duas.
É isso! Até blogo...