Celembrando Linux?

Alexandre Oliva

Publicado na trigésima-segunda edição, de novembro/dezembro de 2011, da Revista Espírito Livre.

Cê lembra que em 1983 nasceu o projeto GNU, para construir um sistema operacional completamente Livre?

Cê lembra que em 1990 o Linus escreveu que estava fazendo um sistema operacional pra funcionar no PC dele, nada profissional como o GNU?

Cê lembra que ele queria chamar o sistema operacional de Freax?

Cê lembra que em 1991 ele desistiu da ideia de fazer um sistema inteiro do zero e publicou a primeira distribuição do núcleo do sistema dele, chamado desde então de Linux?

Cê lembra que no anúncio ele escreveu que o núcleo sozinho não servia para grande coisa, que precisava do GNU para ter um sistema funcional?

Cê lembra que as primeiras versões do Linux não eram Software Livre, pois não permitiam distribuições comerciais, e que Linux só virou Software Livre em 1992, quando Linus o relicenciou sob a GNU GPL?

Cê lembra que as primeiras distribuições comerciais, que surgiram logo após o relicenciamento, como a Yggdrasil Linux/GNU/X, não faziam de conta que núcleo Linux era o sistema operacional Freax?

Cê lembra que a FSF ofereceu de patrocinar uma distribuição de GNU com Linux logo após o relicenciamento, e assim nasceu o Debian?

Cê lembra que já em 1996 o Linux 2.0 continha código binário sob licenças privativas, deixando de ser Software Livre, apesar de continuarem dizendo que estava sob GNU GPL?

Cê lembra que, de lá pra cá, a quantidade de software privativo contida no núcleo Linux aumentou bem mais depressa que núcleo como um todo, e que vários drivers só funcionam com outros trechos de código privativo distribuídos separadamente?

Cê lembra que vinte anos de idade menos os meros 4 anos de liberdade do Linux são dezesseis anos de enganação?

Cê lembra que em 2006 tanto UTUTO XS quanto gNewSense limparam essa sujeira, lançando distros GNU/Linux contendo versões livres do Linux?

Cê lembra que o projeto Linux-libre é resultado da limpeza do gNewSense, lançado há exatos 5 anos?

Cê lembra que isso já dá um ano a mais de liberdade do que o Linux foi capaz de oferecer a seus usuários?

Celebrar o quê, então?


Copyright 2011 Alexandre Oliva

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